Solo para um homem só
livro de poemas
performance de dança e música
disco
Os poemas do livro 'Solo para um Homem Só' são o ponto de partida e o guia de um percurso que começa no útero materno, passa pela infância, adolescência, idade adulta e atravessa a existência. A solidão que percebemos, a solidão que nos acomete sem nos tocarmos, a solidão que dói no corpo e dói na alma. A solidão que nos lança no vazio, a solidão com a qual não sabemos lidar, que nos implode e nos faz explodir. O abandono, a separação, a solidão imposta por algo externo, aquela necessária para o nosso amadurecimento e por fim a solitude, estado de inteireza que pode nos curar e dar luz à escuridão. A narrativa poético-sonora desenha com delicadeza e contundência o caminho do homem só que sente, processa, amadurece e transcende a dor da solidão através da busca do auto-conhecimento e da espiritualidade.
Que essa experiência possa, de alguma forma e em algum nível, nos transformar positivamente. Que possamos reconectar nossa humanidade ao examinar com profundidade nosso Ser para enxergar melhor o outro e o mundo ao nosso redor com um olhar mais amoroso.
A performance de improvisação de música, poesia e dança foi concebida por Rodrigo Bragança e pela bailarina e artista do movimento Priscila Torres.
alguns poemas do livro
à minha mãe peço a chave do útero
para que eu possa entrar e fechar os olhos
preciso perder o mundo
hibernar
para que o escuro me cure e meus sonhos descansem
quando estou porta
quando estou pedra
quando estou mula
quando estou cela
quando estou poste
quando estou vala
quando estou sêca
quando estou lua
quando estou farpa
quando estou falta
quando estou nunca
as mãos acenam
a voz naufraga
o peito carrega e deságua
os olhos chovem o fim da tarde trágica
a cidade acabou
nunca há tempo
para uma despedida
o abraço uma hora acaba
quando não há quem
quando não há como
quando onde é qualquer esquina
quando a esquina não encontra ninguém